Uma aula de economia política


A seguinte aula de política está hoje no domínio público. Repetimo-la no seguinte diálogo atribuído ao primeiro ministro da França, cardeal Mazarino, com o ministro de Estado do Rei Luiz XIV, Jean Batist Colbert, no século XVII. É uma aula prática de política e serve para entender o pensamento absolutista ao longo de séculos e até na atualidade, depois que a esquerda brasileira comandada pelo PT encantou-se com a ditadura democrática. No presente, algumas manifestações e decisões de vários governos indicam que Augusto Conte, filosofo positivista, estava com a razão quando disse que “os vivos são, cada vez mais, governados pelos mortos”. Segue o texto do diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, conforme está na peça teatral “Le Diable Rouge”, de Antoine Rault:
COLBERT: – Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, senhor superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
MAZARINO: – Um simples mortal quando está coberto de dívidas, vai parar na prisão. Mas o Estado não! Não se pode prender o Estado. Então, o Estado pode continua a endividar-se… Todos os Estados assim o fazem!
COLBERT: – Ah, sim? Mas como faremos isso se já criamos todos os impostos imagináveis?
MAZARINO: – Criando outros.
COLBERT: – Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
MAZARINO: – Sim, é impossível.
COLBERT: – E sobre os ricos?
MAZARINO: – Os ricos, não! Eles parariam de gastar e um rico quando gasta faz viver centenas de pobres.
COLBERT: – Então, como faremos?
MAZARINO: – Colbert! Tu pensas com cabeça de queijo; como penico de doente! Há uma enorme quantidade de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais essa gente trabalha para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável! É a classe média, Colbert!”.

Fonte:Correio de Uberlândia

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